Plano de segurança Viária SP
O Plano de Segurança Viária alinha a capital paulista às grandes metrópoles do mundo que já trabalham para que o número de mortes causadas pelo trânsito seja zero. Essa é a avaliação do WRI Brasil, que prestou apoio técnico em todo o processo de mapeamento e identificação de problemas e soluções até a arquitetura final do plano.
“Historicamente, no Brasil, os governos e a sociedade tratam a segurança viária como tema de responsabilidade exclusiva do indivíduo, seja ele o pedestre, o condutor ou o ciclista. Mas experiências de Visão Zero pelo mundo comprovam que o número de mortos no trânsito só cai consideravelmente quando o poder público também assume sua responsabilidade e amplia sua atuação, como São Paulo está fazendo”, explica Marta Obelheiro, coordenadora de Segurança Viária do WRI Brasil.
O WRI tem trabalhado com cidades e países de vários continentes no desenvolvimento de programas que tenham por meta zerar as mortes no trânsito. A abordagem de Sistema Seguro teve início de forma pioneira na década de 1990, por meio de programas como Visão Zero, na Suécia, e Segurança Sustentável, na Holanda. Austrália e Nova Zelândia, bem como os estados norte-americanos de Minnesota e Washington, além de cidades como Nova York e São Francisco, adotaram políticas semelhantes nas décadas seguintes. Mais recentemente, cidades em países de renda média, incluindo Bogotá e Cidade do México, começaram a redirecionar suas estratégias de segurança viária para uma abordagem sistêmica, que reconhece a possibilidade das pessoas errarem e a necessidade de tornar o sistema de mobilidade o mais seguro possível para reduzir a gravidade dos acidentes.
Evidências de 53 países e mais de 20 anos de experiências políticas representativas são claras: vias seguras salvam vidas. “A chave para uma mudança real em segurança viária é entender que as mortes no trânsito são evitáveis desde que o poder público assuma sua responsabilidade, que vai além das campanhas educativas e da fiscalização. Nesse sentido, o plano de São Paulo é um exemplo, pois contempla seis eixos de atuação que promovem a interlocução entre todas as áreas públicas direta ou indiretamente relacionadas com o tema”, detalha.
O plano de São Paulo é uma política pública permanente que contempla o calendário eleitoral e permite que cada novo gestor possa definir suas prioridades dentro das premissas estabelecidas. Outro ponto que merece destaque é o fato de que ele já nasce com um amplo diagnóstico dos fatores de segurança e dos locais com maior risco de acidentes graves e fatais, o que permitirá que a Prefeitura venha a atuar nos principais pontos críticos de acidentes ao longo dos próximos dois anos. Nesses pontos, ela aplicará princípios-chave da Visão Zero de acidentes, como a promoção de um novo desenho viário, melhoria na infraestrutura e revisão das velocidades. Áreas de maior circulação de pessoas vulneráveis, como entorno de escolas e creches, também receberão atenção especial para que a convivência entre motoristas e pedestres seja mais segura. “Priorizar ações que protejam os mais vulneráveis é um excelente começo para que as metas de reduzir em 50% as mortes de pedestres, ciclistas e motociclistas sejam cumpridas. Somente olhando para as pessoas, e não apenas para os veículos, é que conseguiremos tornar nossas cidades realmente mais seguras”, sintetiza Marta.
As fatalidades decorrentes de acidentes no trânsito são a 8ª principal causa de morte no mundo, ceifando 1,35 milhão de vidas a cada ano. Noventa e três por cento dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda, sendo que as mortes no trânsito são a principal causa de morte de crianças e jovens adultos entre 5 e 29 anos no mundo todo. A taxa de mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes é de aproximadamente 27,5 nos países de baixa renda. Essas taxas são mais do que o triplo da taxa dos países de alta renda e extremamente mais altas do que a dos países de altíssima renda europeus, com melhor desempenho em segurança viária, nos quais ocorrem 5,1 mortes por cada 100 mil habitantes.
A meta 3.6 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, que prevê reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes no trânsito até 2020, possivelmente não será atingida. Em São Paulo, os acidentes de trânsito são a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos e a meta é chegar à taxa de 3 mortes a cada 100 mil habitantes até 2028.
As medidas do plano Vida Segura de São Paulo estão alinhadas a objetivos globais. Os bons resultados obtidos por essa abordagem para zerar as mortes no trânsito levaram o Plano de Ação Global das Nações Unidas (ONU) para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020 a adotar uma abordagem sistêmica e abrangente para a segurança viária. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU também incluem metas para reduzir à metade as mortes e lesões no trânsito globalmente até 2020 e para ofertar sistemas de transportes seguros, sustentáveis, acessíveis e economicamente viáveis à população, com o aumento da segurança no trânsito até 2030. A Nova Agenda Urbana da ONU-HABITAT firmou um compromisso com a segurança para todos os usuários da rede viária e com jornadas seguras e saudáveis até a escola para todas as crianças.
O WRI Brasil é uma instituição sem fins lucrativos que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano. Atua no desenvolvimento de pesquisas e implementação de soluções sustentáveis em mudanças climáticas, florestas e cidades. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha em parceria com governos, empresas, academia e sociedade civil.
O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa com atuação em mais de 50 países. O WRI conta com o conhecimento de aproximadamente 700 profissionais em escritórios no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, México, Índia, Indonésia e África.
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