Motors Company leva XJ6 ao pódio das 500 milhas – Relato de Leandro Mello

Pessoal é com imenso prazer que a equipe Yamaha/Motors Company relata seu feito nas 500 Milhas de Interlagos!

Participamos da prova mais tradicional do motociclismo brasileiro com o patrocínio da Yamaha, a bordo do modelo XJ6. Uma naked de 76cv, que teoricamente não seria páreo a superesportivas de mais de 200cv!

Tivemos duas semanas de trabalho em cima das motos, com um dia de locação de pista exclusiva para acertos das motos e mais um dia de dinamômetro (pela FW Performance) para acertar dois mapas diferentes a serem usados durante a corrida.

O desenvolvimento da motocicleta é o mais importante, pois definimos ritmo, quilometragem a ser imposta a cada tanque, conhecimento geral da moto, reserva de tanque e principalmente a preparação a ser feita. Fomos com toda equipe para pista e testamos diversos equipamentos e mudanças constantes.

Como trata-se de uma corrida de longa duração, a estratégia é o mais importante para conseguir um bom resultado, conhecendo o produto, consumo e tempo de volta, elaboramos diversos cálculos com resultados teóricos.

A ideia era conseguir um bom resultado para firmar a qualidade dos produtos usado e suas performances. Entramos com duas equipes! A primeira formada pelo piloto Leandro Mello e Fernando Souza (moto n 9), a segunda por Eduardo Tostes, Fernando Alcazar e Homero Morassutti (moto 91).

Com constante variações, entre piso seco, molhado e inúmeros acidentes, mantivemos ritmo forte e principalmente constante, a ideia era estar o máximo de tempo na pista.

Como nossa moto era menos potente, não conseguindo no tempo seco virar como as Super Bikes, nossa estratégia era fazer quase que o dobro de quilometragem a cada tanque. Ao invés de termos que abastecer a cada 18 voltas, conseguíamos dar cerca de 33 voltas. Na somatória de 7 horas de corrida, entraríamos muito menos nos Box, tirando a vantagem de perda de tempo de volta.

Contamos com a sorte da chuva, pois nossos tempos foram surpreendentes, fazendo com que buscássemos todo atraso dos mais de 100km/h a menos que perdíamos nas retas. Era impressionante ver a pequena XJ6 passando as motos mais velozes do planeta e abrir vantagem. “Na chuva tínhamos tempo extremamente rápido e ainda contávamos com a ótima autonomia das motos, com isso, ganhávamos varias posições a cada volta e demorávamos muito para fazer outro abastecimento. Nos surpreendemos com o equilíbrio da motocicleta e mesmo com piso molhado, deitávamos nas curvas com a saboneteira no chão e passávamos BMW S1000RR, Kawasaki ZX10R, CBR1000 entre outras motos de pista nas curvas” diz Leandro.

A equipe Motors Company foi fantástica, os preparadores, mecânicos e chefes de equipe estavam totalmente integrados, com definições constantes de estratégias imediatas que somaram muito nos resultados. Tivemos as trocas mais certas entre pneus de chuva e seco, estávamos conectados com todos sites de previsão, mais integrantes da equipe que olhavam a pista inteira e apostaram com sabedoria e muita sorte em todas as mudanças.
Faltando cerca de 70 voltas para terminar, ocupávamos a segunda colocação na categoria SuperSport e brigávamos pela quinta na geral, era absurdo a colocação geral, mas não podíamos nos empolgar, pois a corrida só acaba na bandeira quadriculada.

O piloto Leandro Mello subiria na moto com a tarefa de ir ate o final! Tínhamos acabado de apostar em colocar novamente os pneus de chuva, pois o tempo estava prestes a mudar, mas poderia ser a melhor escolha, ou a pior, mas precisávamos apostar mais uma vez!

Mas nessas ultimas voltas, ninguém melhor para contar do que o próprio Leandro Mello:

“Quando subi na moto, a pista ainda tinha um trilho seco, onde com o pneu de chuva estávamos sendo lentos, mas na minha terceira volta começava a chover bastante! Eu começava a gritar dentro do capacete, mas tinha que conter a empolgação.

Sabia que estávamos duas voltas atrás dos lideres e que pela aposta certa dos pneus eu tinha chance de buscar a vitoria. Essa era minha estratégia que eu não dividi com a equipe e guardei dentro de mim, queria muito a vitoria. Fazia as contas que tinham aproximadas 70 voltas, se economizasse combustível conseguiria fazer apenas uma parada rápida para abastecer, enquanto a equipe que estava em primeiro teria que trocar pneus e mais uma parada de abastecimento, ou seja, era possível ir buscar a primeira colocação.

Chovia muito e lá vinha nossa motinho fazendo história, recuperava posições a cada volta e consegui passar os lideres que tentavam manter o mesmo ritmo. Eu ainda tinha que descontar mais uma volta e faltando 35 voltas para o final da corrida, quando ia abrir o retão de Interlagos vejo o Pace Car entrando mais uma vez. De cara entrei para os Box seria minha grande chance! Gritava de longe, só gasolina, rapidoooooooooo!

Encheram o tanque e sai na reta oposta logo atrás das motos que seguiam o Pace Car, meu corpo arrepiava! A sorte que eu tinha tido era absurda, era a mesma coisa que não ter parado, como se tivéssemos abastecidos com a moto em movimento.

O melhor ninguém teve essa chance, eu sentia que podíamos ganhar, mas meu medo era absurdo do tanque não conseguir fazer a ultima pernada, pois 33 voltas era com a moto já rodando três voltas na reserva, eu teria que andar forte e apostar que chegaríamos!

Tentei ser extremamente constante, mas o ponteiro do combustível faltava apenas um risco para entrar na reserva quando subiu a placa de 20 voltas para o final. Estava extremamente nervoso, talvez tivesse que entrar para abastecer e perderia a chance de vitoria com isso!

Fazia as conta, 20 vezes 4.3 km (volta de Interlagos) dava mais de 80 km ainda, juntava ao frio que estava sentido, pois estávamos encharcados há muito tempo, assim ia minando meu preparo físico e travando meu corpo com câimbras. O pior acontecia, a moto entrava na reserva e quando passei na reta a placa era de 8 voltas para o final, carambaaaaaaa nossas contas de segurança era andar três voltas na reserva e tendo o limite de 5 para acabar o combustível. Pensava que se eu arriscasse completar poderíamos ganhar, se entrasse no Box e abastecer era ficar em segundo. Não sabia o que fazer, mas avisei meu Box que estava sem gasolina e todos ficaram extremamente nervosos esperando com o galão na mão.

Foi ai que confiei na moto e fui tirando a mão, pensava ate quanto poderia abrir de borboletas da injeção para diminuir o fluxo de combustível, ao invés de 12.500 rpm para trocar de marcha, trocava a 10.000 rpm e fui assim até a ultima volta rezando. E lá estava eu em um dos momentos mais felizes da minha vida, a bandeira quadriculada sendo agitada, mais uma vez dentro do meu templo sagrado eu gritava e chorava, conseguimos chegar no final da prova mais difícil do Brasil.

Entrava no Box com todos me esperando e comemorando, tínhamos conseguido o primeiro lugar na categoria e principalmente quarto na geral. Era impressionante, só tinham pilotos extremamente profissionais e motos muito preparadas. Largaram 31 motos, todas com no mínimo cerca do dobro de potencia e subimos pela primeira vez no pódio ao lado da equipe de estrangeiros com pilotos do mundial de SBK com uma ZX10, parecia um sonho!

Na chamada do pódio da categoria SuperSport eu via equipes bem bravas, pois estavam a bordo de Triumph 675, ZX6, CBR600 entre outras motos muito bem preparadas e ouvi a melhor frase em voz alta (em primeiro lugar, moto numero 9). A Yamaha XJ6 fez milagre e entrou para historia do motociclismo nacional!

A nossa segunda equipe conquistou a quinta colocação na categoria Supersport e 11 na geral. Também deram um show de pilotagem e resistencia durante toda a prova.

Agradeço a todos meus patrocinadores, por me darem a possibilidade de mostrar nosso trabalho, que junta profissionalismo, segurança e muito tesão no que fazemos!
Espero que vocês curtam a vitoria, pois é de cada empresa que faz de todos nossos sonhos realidade.

Yamaha, Alpinestars, Shark, SOLO, Michelin e FW Performance.
Até nosso próximo projeto!

Equipes e pilotos

Chefes de equipe:
Eduardo Villela, Eric André, Armando Novaes e Fernando Tostes

Preparadores e mecânicos:
André Oliveira, Cleber Soares, Diego Rodriguez, Demerson Trearo e Thainan Matsuo

Pilotos Moto 1 (n9):
Leandro Mello e Fernando Souza

Pilotos Moto 2 (n91):
Homero Morassutti, Fernando Alcazar e Eduardo Tostes

Preparação da moto
Moto 1 (preta n9)
– Escapamento Full
– Relação mais curta (pinha de 16 para 15 dentes)
– Filtro K&N
– Mangueira de aeroquipe
– Quick Shift
– Rapid Bike EVO
– Pneus (traseiro 180 em testes)
– Pedaleiras R1
– Controle de potencia para pista seca e chuva (mapa 1 e 2)
– Suspensão dianteira Motorex Racing (mais calços progressivos de compressão de mola)
– Velas Irium

OBS: Levamos a moto para acerto em dinamômetro, ela ganhou 3 cv só de acerto em mapa Não tivemos referencia da moto original que deve ter dado um ganho de aproximado 8 cv!

DINAMOMETRO POTENCIA
• Potencia quando chegou: 60,49 cv
• Potencia depois do Rapid Bike: 63,3 cv
Os ganhos foram ao longo de toda a curva, não somente no pico. O que ajudou bastante no miolo da pista.

RPM
Abrimos 1000rpm em todas as marchas. Ou seja, o limite de corte passou de 12500 para 13500.

VELOCIDADE
Com a abertura de giro o ganho de velocidade foi de 208,29 para 227,65 no dinamômetro

MAPAS (seletor de mapas no guidao)
Importante:
Mapa 1 – full power
Mapa 2 – Chuva

Moto 2 (Vermelha n91)
– Suspensão dianteira Motorex Racing ( mais calços progressivos de compressão de mola)
– Filtro K&N
– Escapamento Full
– Mangueira tipo Aeroquipe
– Pneus (traseiro 180 em testes)
– Pedaleiras R1